Rita de Cássia Melo Santos
Programa de Pós-Graduação em Antropologia, Universidade Federal da Paraíba

Co-criação de acervos: memória e protagonismo indígena frente a legados coloniais
Ao longo da história, os povos indígenas constituíram o outro privilegiado (Todorov, 1983; Greenblatt, 1996; Pratt, 1999). Esse lugar de objetificação vem sendo questionado nas últimas décadas e hoje assistimos uma reinvenção radical dessa posição. Deslocando-se desse lugar de outrificação (Fabian, 1983), os indígenas vêm ocupando espaços significativos na produção de suas auto-representações, especialmente por meio dos cargos de antropólogos, curadores e artistas indígenas em instituições museais e de cultura, no Brasil e no mundo. Essas posições têm produzido um espaço profícuo de reflexão, gerando novas compreensões sobre os processos de produção da identidade indígena na contemporaneidade, em especial, da ressignificação do legado colonial recebido. Aqui nos propomos a investigar três atos de memória protagonizados de distintas maneiras por pessoas indígenas. Interessa-nos refletir sobre os efeitos desses atos para os grupos aos quais estão relacionados, bem como, para a antropologia e suas ações institucionais.