Felipe Tuxá
Programa de Pós-Graduação em Antropologia, UFBA

A feitura de uma Universidade Indígena: Dois lados de uma mesma história.
Conhecimento é poder” é um truísmo da maior importância para o entendimento dos agenciamentos políticos contemporâneos de grupos historicamente colonizados. Para os povos indígenas no Brasil, as demandas pelo exercício de uma cidadania plena passam por uma busca constante pelo reconhecimento das suas competências intelectuais e cognitivas, negadas por séculos. Um capítulo importante nesse processo, é o atual debate sobre a criação de universidades específicas, que ganhou novos contornos no ano de 2024, com a formação, no âmbito do Ministério da Educação, de um Grupo de Trabalho para subsidiar técnica e politicamente a criação de uma primeira Universidade Indígena no país. A iniciativa responde aos imperativos do Movimento Indígena por uma instituição de ensino superior que esteja pautada em seus anseios, especificidades e projetos coletivos de futuro. Nesse cenário, com essa apresentação, busco lançar luz sobre a presença e disputas indígenas em torno da instituição “Universidade”, refletindo sobre o caráter histórico e colonial da mesma, sua associação com práticas de subalternização e o local ocupado pelos conhecimentos e mentes indígenas no imaginário geopolítico de epistemologias hegemônicas e ocidentalizantes. O meu objetivo é evidenciar o campo em disputa daquilo que tem sido chamado de “conhecimentos indígenas”, colocando em diálogo diferentes perspectivas sobre a pertinência, valor e função dos enunciados indígenas dentro dos sistemas de produção de conhecimento universitários.